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12 de dez. de 2015

Um ano de leitura

Google Imagens

Foi no ano passado, enquanto eu estava olhando fixamente na estante à procura de um livro para ler, que mirei em um que me despertou um interesse que jamais imaginei que pudesse ter com relação à algum livro. Nunca havia lido antes por prazer e nem conseguiria imaginar como isso poderia ser uma atividade aprazível. Só lia por obrigação, para os trabalhos da escola. 

Enquanto lia, minhas emoções por estar lendo um livro tão bom e a culpa que comecei a sentir por não ter feito isso milhares de vezes antes, se misturavam e me faziam sentir ao mesmo tempo feliz e completamente irritada. Eu ficava com isso na cabeça: "Caramba, por que ninguém me incentivou a ler?", "Por que nunca havia recebido livros antes?", "Por que só comecei tão tarde?". E mais ódio. Ódio, principalmente de mim mesma. Na escola, uma biblioteca com um acervo enorme à minha disposição, mas quase nada de interesse. Talvez o ambiente escolar não fosse assim tão motivador para uma leitora iniciante, porque eu sempre associava a biblioteca à obrigações escolares. Não sei, só sei que demorei demais para tomar alguma atitude e isso me prejudicava de maneiras sutis que só agora eu consigo perceber.

Se você estiver se perguntando, o livro que estava lendo nesse dia que me abriu os olhos e o coração para a literatura, é o romance do escritor afegão Khaled Hosseini, O caçador de pipas. A partir desse dia, confesso que eu não conseguia mais ficar sem ler. E eu queria - e quero - ler o tanto de livros quanto fosse possível para compensar o prejuízo de vários anos. A corrida para a compra de livros tinha iniciado por aí. Eu procurava no Zoom por preços baixos e comprava sempre que aparecia algum que me despertava interesse. Isso foi exatamente no mês de dezembro do ano passado, época que começam as promoções e tudo mais. Mas eu não comprava sozinha. Duas de minhas tias, Raquel e  Neia, também me ajudaram muito, comprando livros e boxes maravilhosos para mim.

Hoje eu posso dizer que a minha vida mudou. É tão perceptível isso que eu chego a estremecer só de pensar em como seria a minha vida caso eu não tivesse olhado para a estante naquele dia. Eu dei o primeiro passo e acho que foi uma das coisas mais incríveis que já fiz. 

Obrigada à todos. À todos os escritores, por terem mudado a minha vida. À todas as pessoas que me presentearam com livros, sendo eles novos ou usados. Eu hoje só tenho a agradecer pelo universo maravilhoso que me foi apresentado quando eu peguei aquele primeiro livro, sem compromissos, sem nada.
E agora eu  digo:

Google Imagens


31 de jul. de 2015

Vida, perdas, sofrimento e amor

SobreVIVENDO


Hoje, há pouco menos de uma hora, senti o mundo natural e belo e incrivelmente monótono desabar sobre os meus pés. Uma sensação de que uma parte significativa de mim, senão o todo, havia desaparecido de forma repentina para todo o sempre. E eu me peguei absorta em inúmeros pensamentos. Eles eram terrivelmente assustadores, de se tirar o fôlego e o ânimo de viver. De se tirar a vida e desejar estar morto, porque estar morto é mais fácil do que continuar vivo. Quando se está vivo, qualquer ser humano enfrenta perdas inevitáveis. Porque a perda é parte natural da vida. E entende-se por parte natural da vida saber aceitar as perdas e continuar vivendo. Por que não é isso que todo mundo faz ou pelo menos tenta?
Mas quando a ideia de se estar perdendo algo surge, rompendo com o mundo natural que conhecemos e trazendo à tona uma realidade amarga, áspera e dura, o que desejamos é desistir. Desistir da nossa vida individual. Porque sabemos que aquilo que utilizávamos de âncora para continuarmos vivos já não existe mais. E sem a âncora, a alma flutua, perde o firmamento e os objetivos, se vê sem rumo e dolorosamente só. A âncora tem que existir para que a alma fique e continue lutando.
A sensação de perda é horrível. É algo que humanos feitos de pele e osso não conseguem suportar a princípio, e nem deveriam, por ser um sentimento mais forte do que qualquer corajoso que se diz imbatível. É um sentimento que abate, pisoteia, nocauteia e, por fim, destrói. E nos deixa tão revoltados e machucados, que mal conseguimos nos manter em pé. A gente desaba mesmo, no chão frio, em posição fetal, as lágrimas rolando pelo rosto. 
A gente chora convulsivamente.


O chão vira a nossa cama, os gritos estridentes de derrota, o nosso côro. Não há nada nem ninguém que seja capaz de nos trazer um pouco de paz, de conforto.
Os dias que se sucedem a perda são horríveis, mas não piores do que o momento da perda em si. As lutas são diárias. Ainda há estilhaços espalhados pelo chão, mas agora é impossível se reconstituir, voltar a ser o que era antes, porque os pedaços esparramados não podem mais se juntar. A gente fica diferente, o coração aperta. Mas aí o tempo passa, velhas memórias são substituídas por outras, vão se perdendo, tornando-se distantes. E o sentimento que tivéramos no momento da perda já não é mais o mesmo. Está mais suavizado, menos doloroso. E a verdade simples e pura é que o tempo não cura, como o senso comum comenta por aí; o tempo distorce ,imparcializa a memória, e com isso, atenua o sofrimento. Isso não quer dizer que o sofrimento some. Ele fica, em um lugar sempre disponível e de fácil acesso. Mas sofrimento devastador mesmo é aquele que causa remorso, que nos tira o ar e que nos pede que voltemos no tempo e façamos tudo diferente. Pra que ele nunca venha acometer-vos, meus caros, a receita é complicada e os ingredientes devem ser administrados diariamente. Eis o segredo: uma dose generosa de amor. Amor à pessoas que de fato amamos, principalmente, e àqueles que nem mesmo conhecemos. Além disso, é fundamental que demostremos. Seja com um beijo, um abraço apertado, pronunciando as três mais belas palavrinhas ou até mesmo com atos singelos. É importante, também, ficar colado à pessoa amada e lembrá-la sempre do quanto você a ama.
O segredo é amar e demonstrar.

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