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31 de jul. de 2015

Vida, perdas, sofrimento e amor

SobreVIVENDO


Hoje, há pouco menos de uma hora, senti o mundo natural e belo e incrivelmente monótono desabar sobre os meus pés. Uma sensação de que uma parte significativa de mim, senão o todo, havia desaparecido de forma repentina para todo o sempre. E eu me peguei absorta em inúmeros pensamentos. Eles eram terrivelmente assustadores, de se tirar o fôlego e o ânimo de viver. De se tirar a vida e desejar estar morto, porque estar morto é mais fácil do que continuar vivo. Quando se está vivo, qualquer ser humano enfrenta perdas inevitáveis. Porque a perda é parte natural da vida. E entende-se por parte natural da vida saber aceitar as perdas e continuar vivendo. Por que não é isso que todo mundo faz ou pelo menos tenta?
Mas quando a ideia de se estar perdendo algo surge, rompendo com o mundo natural que conhecemos e trazendo à tona uma realidade amarga, áspera e dura, o que desejamos é desistir. Desistir da nossa vida individual. Porque sabemos que aquilo que utilizávamos de âncora para continuarmos vivos já não existe mais. E sem a âncora, a alma flutua, perde o firmamento e os objetivos, se vê sem rumo e dolorosamente só. A âncora tem que existir para que a alma fique e continue lutando.
A sensação de perda é horrível. É algo que humanos feitos de pele e osso não conseguem suportar a princípio, e nem deveriam, por ser um sentimento mais forte do que qualquer corajoso que se diz imbatível. É um sentimento que abate, pisoteia, nocauteia e, por fim, destrói. E nos deixa tão revoltados e machucados, que mal conseguimos nos manter em pé. A gente desaba mesmo, no chão frio, em posição fetal, as lágrimas rolando pelo rosto. 
A gente chora convulsivamente.


O chão vira a nossa cama, os gritos estridentes de derrota, o nosso côro. Não há nada nem ninguém que seja capaz de nos trazer um pouco de paz, de conforto.
Os dias que se sucedem a perda são horríveis, mas não piores do que o momento da perda em si. As lutas são diárias. Ainda há estilhaços espalhados pelo chão, mas agora é impossível se reconstituir, voltar a ser o que era antes, porque os pedaços esparramados não podem mais se juntar. A gente fica diferente, o coração aperta. Mas aí o tempo passa, velhas memórias são substituídas por outras, vão se perdendo, tornando-se distantes. E o sentimento que tivéramos no momento da perda já não é mais o mesmo. Está mais suavizado, menos doloroso. E a verdade simples e pura é que o tempo não cura, como o senso comum comenta por aí; o tempo distorce ,imparcializa a memória, e com isso, atenua o sofrimento. Isso não quer dizer que o sofrimento some. Ele fica, em um lugar sempre disponível e de fácil acesso. Mas sofrimento devastador mesmo é aquele que causa remorso, que nos tira o ar e que nos pede que voltemos no tempo e façamos tudo diferente. Pra que ele nunca venha acometer-vos, meus caros, a receita é complicada e os ingredientes devem ser administrados diariamente. Eis o segredo: uma dose generosa de amor. Amor à pessoas que de fato amamos, principalmente, e àqueles que nem mesmo conhecemos. Além disso, é fundamental que demostremos. Seja com um beijo, um abraço apertado, pronunciando as três mais belas palavrinhas ou até mesmo com atos singelos. É importante, também, ficar colado à pessoa amada e lembrá-la sempre do quanto você a ama.
O segredo é amar e demonstrar.

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