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20 de abr. de 2016

Resenha - A coisa, 1985 (FILME)


Ficha técnica

Original:The Stuff
Ano:1985•País:EUA
Direção:Larry Cohen
Roteiro:Larry Cohen
Produção:Paul Kurta
Elenco:Michael Moriarty, Andrea Marcovicci, Garrett Morris, Paul Sorvino, Scott Bloom, Danny Aiello, Patrick O'Neal, James Dixon, Alexander Scourby, Russell Nype, Gene O'Neill, Catherine Schultz, James Dukas


"Parece marshmallow, tem baixa caloria, mas vai te matar!" É isso que diz a capa do meu DVD. E digo mais: parece uma espécie de sorvete extremamente cremoso. Mesmo apenas com a experiência de ter dedicado minha mente, meus ouvidos e meus olhos à esse filme, digo "apenas" no sentido de os filmes tentarem levar sensações mais reais possíveis àqueles que os assistem, embora jamais possam atingir tais feitos, eu não só vislumbrei a coisa, como também a toquei. Ela era irresistível, e não foram poucas as vezes em que eu me imaginava pegando um punhado dela e comendo. E isso me leva a dizer o óbvio: é uma linha tênue entre realidade e o cinema. 

Antes de deixar os meus leitores perdidos, embora eu firmemente acredito que a maioria de vocês já saiba do que se trata, vou explicar o que é A coisa. Não se enganem se achem que é apenas o nome do filme trash de Larry Cohen. Também é, mas mais que isso, é o nome dado à esse "sorvete-marshmallow" que aparece o tempo todo nessa produção cinematográfica.

No início do longa-metragem, vemos um minerador com olhar fixo em um material branco e gelatinoso que sai da terra e borbulha. Tem neve ao redor, o que talvez tenha gerado nesse homem um sentimento de segurança, afinal, que diabos poderia aparecer de tão perigoso (e mortal) em um território tão conhecido por ele? A curiosidade fala mais alto e ele experimenta aquilo. É gostoso e doce. Nesse momento, ele pensa na possibilidade de levar A coisa para o mercado e obter muitos lucros. É a ambição humana falando.

Não demora muito e A coisa já está rodando os Estados Unidos. Todo mundo quer e ninguém consegue parar de comer. Há campanhas televisas com viés persuasivo circulando e tem até um hino com dedicatória à coisa. Na contramão disso tudo, há Jason (Scott Bloom), um garotinho que odeia a coisa. E vocês também odiariam se, ao abrirem a geladeira, a testemunhassem se mexendo fora do pote!

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Depois da cena em que aparece Jason, já estamos em um iate com empresários discutindo a possibilidade de descobrirem a fórmula secreta da coisa (há, obviamente, um interesse econômico muito forte aí). Para isso, eles contratam o espião industrial David 'Mo' Rutherford (Michael Moriarty), que parte nessa missão que não muito tarde se revela perigosíssima. Para ajudar na árdua tarefa dele, há Nicole (Andrea Marcovicci), uma produtora da campanha televisa da coisa e, consequentemente, uma das responsáveis pela febre que ela virou, e o garotinho Jason.

Aos poucos, eles vão descobrindo que A coisa é, na verdade, uma espécie de organismo vivo que devora as pessoas por dentro, as deixando ocas. Elas continuam "vivas", porém robotizadas (e psicopatas)! Quando David 'Mo', Nicole e Jason chegam na fábrica onde a coisa é embalada e, posteriormente, distribuída, se sentem crianças lutando contra gigantes. E nesse momento o que viria a calhar? Se você respondeu um exército, então acertou. David consegue a ajuda do coronel Malcolm Grommett Spears (Paul Sorvino) e de seu exército, ao insistir veemente que a coisa era um veneno que os comunistas produziram a fim de conseguirem dominar o mundo. Extremamente conspiratório, não?

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Há boatos por aí de que a coisa é uma metáfora da paranoia dos estadunidenses de uma invasão comunista em plena Guerra Fria. Alguns dizem, também, que a coisa se trata de uma crítica à sociedade consumista potencializada pelos veículos de comunicação. Pode ser tudo isso, mas, para mim, ela se trata de uma analogia às drogas (a cena final evidencia muito isso), porque 1) vicia 2) muita gente consome e 3) mata, praticamente deixando seus dependentes "ocos" por dentro. Mas aí deveríamos entrar em uma discussão sobre o conceito de drogas, só que esse não é meu objetivo aqui.

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 Minha avaliação (numa escala de 1 até 5 estrelas)

17 de mar. de 2016

Resenha - Um corpo que cai (1958)

E aí, pessoal, tudo certo com vocês? Hoje eu trouxe mais uma resenha cinematográfica, e dessa vez é um dos clássicos do Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock.
Antes de começar, eu gostaria de me desculpar pelo meu sumiço. Estive pensando muito sobre continuar ou não com o blog. É normal que em um momento de nossas vidas pensemos em desistir de alguma coisa, e comigo não foi diferente. Mas, depois de muito ponderar, decidi que esse blog deve, sim, continuar. E se vocês pensam que durante esses dois meses fora eu não assisti e nem li, estão muito enganados. Pra ser sincera, li muito pouco, e tenho até vergonha de dizer (a última vez que eu peguei em um livro foi em fevereiro).  Mas de filmes eu vi vários, uma média de dois clássicos do cinema por dia, o que eu digo orgulhosamente. <3

Agora chega de delongas e vamos à resenha.

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Um corpo que cai, título em português do filme Vertigo, dirigido por Alfred Hitchcock (Psicose - 1960, Janela Indiscreta - 1954, Festim Diabólico - 1948), e lançado no dia 21 de Julho de 1958 no Brasil, é um filme que não pode ficar fora da lista de quem aprecia um bom filme. Aqui, temos os atores James Stewart ( A mulher faz o homem - 1939 e também Janela Indiscreta, uma parceria com Hitchcock que se tornou fenômeno no cinema, diga-se de passagem) e Kim Novak (Férias de Amor - 1955) nos papéis principais.

Antes de mais nada, devo dizer que esse título brasileiro estraga o filme. Muito. Vertigo, que é o título original, traduzido para o português fica algo como vertigem, como o próprio nome sugere. E essa vertigem de que o filme fala fica bem clara logo nas cenas de abertura, mas também faz uma referência à loucura propriamente dita, algo que marca a personagem interpretada por Kim Novak.

John "Scottie" Ferguson (James Stewart) é um ex-detetive que foi expulso da corporação onde trabalhava ao ser diagnosticado com acrofobia (medo de altura) depois de um acidente que resultou na morte de um colega de trabalho. Até que um dia, um antigo colega de faculdade, Gavin Elster (Tom Helmore), oferece-lhe o trabalho de investigar a vida da esposa, Madeleine Elster (Kim Novak), quem ele acredita estar possuída por um espírito. 

Scottie relutantemente aceita, e logo passa a seguir Madeleine, que vai à lugares estranhos como a sepultura de uma mulher chamada Carlotta Valdes, a baía de San Francisco, e até um museu, onde ela fica sentada por várias horas observando o retrato de Carlotta Valdes. O problema é que Madeleine nunca se lembra de ter ido à esses lugares, e a cada dia que passa, mais introspectiva e distante ela vai ficando, até que tente o suicídio. Felizmente Scottie a salva e a leva para a própria casa, ponto em que ele já está perdidamente apaixonado. Mas essa paixão está fadada ao fracasso, posto que Madeleine está cada vez mais imersa na escuridão da sua mente. Não demora muito para que a paixão  de John se torne uma obsessão. Nesse momento, ele já não suportaria a ideia de um mundo onde não existisse Madeleine. Até que algo terrível acontece e põe à prova a sanidade de John.

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A jogada mais incrível de mestre, e que mais tarde seria amplamente usada no cinema, é a técnica de transmitir visualmente a sensação de vertigem. O efeito criado por Hitchcock é tão original que um de seus nomes é Hitchcock Effect (ou efeito Hitchcock). No filme, a primeira vez que vemos o "efeito vertigo" é na cena do telhado, quando o detetive Scottie olha para baixo. E eu confesso que até eu que não tenho acrofobia e nem vertigem, fiquei absolutamente atordoada.  Uma curiosidade é que esse mesmo efeito foi utilizado por Steven Spielberg em Tubarão.

Filmado em VistaVision, Um corpo que cai é para ser visto em telonas. Aproveitando-se disso, Hitch filmou sequências maravilhosas nos principais pontos de San Francisco, local onde se passa a história. Na cena em que Madeleine tenta suicídio, vimos a Baía de San Francisco e a ponte Golden Gate logo ao fundo.  Não poderia deixar de falar da fotografia de Robert ‘Bob’ Burks, que é realmente grandiosa, com as cores sempre denotando momentos de grande carga dramática, os filtros de névoa para simbolizar o sonho, e as cores apagadas sugerindo tristeza e vazio.

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Na época de lançamento, Um corpo que cai não foi bem de público nem de crítica, tendo em vista o fato de que possivelmente o tema não tenha sido compreendido pela época. Mas, finalmente, hoje o filme é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock e um clássico inquestionável. 

Confira o trailer do filme (em inglês):


Minha nota (em uma escala de 1 até 5 estrelas)






29 de jan. de 2016

Resenha - A 5ª onda (2016)





A 5ª onda (ou The 5th Wave) é um filme norte-americano Young Adult de ficção científica e suspense. É uma adaptação do livro homônimo escrito por Rick Yancey.  Foi lançado aqui no Brasil no dia 21 de janeiro desse ano e conta com a atriz Chloe Grace Moretz no papel principal. Teve direção de J Blakeson (O Abismo do Medo 2, 2009) e tem 112 minutos de duração (ou 1h e 52 min).

Antes de começar a resenha, eu já quero ir me desculpando caso não consiga colocar aqui todas as minhas considerações sobre o filme, tendo em vista que assisti há uns poucos dias e talvez minha memória deixe passar uma coisa aqui e outra ali. Quero também deixar bem claro que essa resenha será puramente do filme, porque não li o livro ainda. Então, aos leitores, fica um aviso: caso queiram uma resenha que correlacione o longa e o livro, vocês não estão no lugar certo.

A 5ª onda se passa num cenário pós-apocalíptico onde alienígenas invadem a Terra e tentam de todas as formas possíveis aniquilar com a humanidade. Mais tarde, descobrimos que eles querem tomar o planeta, mesmo que o motivo não tenha ficado tão claro assim no filme. Para tal fim, eles enviam "cinco ondas", que são nada mais nada menos do que eventos catastróficos de grande destruição. As três primeiras ondas servem para "peneirar" os fortes dos fracos, onde os fracos obviamente morrem. São elas, na ordem em que ocorrem: perda total de eletricidade, terremotos e peste aviária. Nessa última, a população mundial foi reduzida a pouquíssimas pessoas. Já a quarta onda acontece quando esses alienígenas conseguem se infiltrar no corpo de seres humanos ao enviarem um hospedeiro que se instala em seus cérebros. Sobre a quinta onda eu já não posso falar, porque seria um baita de um spoiler, mas garanto que é muito surpreendente.



Enfim, diante de todo esse caos, a protagonista Cassie (Chloe Grace Moretz) tenta sobreviver e resgatar o irmãozinho, Sam (Zackary Arthur), que foi separado dela ao ser levado pelo exército para combater as forças antagonistas - os alienígenas infiltrados em humanos - e nisso acaba encontrando um rapaz chamado Eva (Alex Roe), pelo qual se apaixona.

Eu realmente fiquei muito chateada quando Eva entrou na história, se apresentando como o salvador da pátria. Ele é tão bonito que acabou arrancando suspiros da galera no cinema, o que me revoltou muito também. Como feminista, eu odiei o fato de ele ter tentado - e conseguido - a todo custo salvar a Cassie, mesmo que em primeiro momento ela tenha rejeitado a ajuda e desconfiado dele bastante. E odiei também o romance entre os dois. Por que eles não poderiam apenas ser amigos? Um homem e uma mulher não podem ser amigos? O pior de tudo é que Cassie já tinha uma paixonite por um outro belo rapaz, aí, já viram, se trata de um triângulo amoroso ao estilo de Crepúsculo.

O roteiro é, na verdade, uma grande bagunça. Com narrações em off inconstante, um bocado de clichés e alguns diálogos extremamente fracos (principalmente os de Eva e Cassie) e esse romance ridiculamente forçado. Eu ri tanto na parte que a Cassie olha pra cima, e "sem querer", acaba beijando Eva. E mais uma vez a galera no cinema foi à loucura. 

Nessa distopia, uma cena me surpreendeu bastante pela quantidade de verdade que ela trazia. Eu não posso detalhar muito essa cena porque temo que saia spoiler. É algo que nos faz refletir muito sobre o que a humanidade vem fazendo ao longo de centenas de décadas: se apropriando de hábitats de seres vivos e dizimando espécies. Não era isso que os alienígenas estavam fazendo? Se apropriando da Terra e dizimando a nossa espécie, a homo sapiens?
Para fechar, a protagonista Cassie acaba perdendo a qualidade de personagem feminina forte, apesar de a atuação de Chloe não ter sido horrível. A personagem pela qual eu adquiri maior afeição foi a Ringer (Maika Monroe, de Corrente do Mal). Ringer entrou pra minha lista de personagens mais adoráveis por ela ser extremamente forte, independente e durona. Uma fucking badass. O ideal de mulher que eu adoro ver nos filmes.




Confiram o trailer legendado do filme:



                                         Minha nota (numa escala de 1 até 5 estrelas)

14 de jan. de 2016

Resenha - Love (2015)

O texto a seguir apresenta conteúdo inapropriado para menores de 18 anos;



Love é um filme francês escrito e dirigido pelo argentino Gaspar Noé. Contém 2 horas e 15 minutos de duração e fechou o ano de 2015 como um dos filmes mais polêmicos. E não podia ser diferente, já que estamos falando aqui de um diretor e roteirista que parece ter nascido pra causar. Gaspar dirigiu o longa-metragem Irreversível, lançado em 2002 e que entrou para a história de filmes mais perturbadores ao mostrar uma cena extremamente gráfica de Monica Bellucci sendo estuprada. Pra vocês terem uma ideia da comoção e do alvoroço que o longa gerou, tinha gente até saindo do cinema! Com Love não foi muito diferente. Apesar de não mostrar nenhuma cena de estupro, o filme teve uma audiência baixíssima e chegou a dividir a crítica internacional. Alguns defenderam o filme ao dizer que ele "contém algumas das mais belas cenas de sexo da história do cinema." Já outros, alfinetaram sem dó: "é tão pretensioso quanto é erótico".

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Love tem uma quantidade absurda de sexo explícito. Há uma cena que talvez tenha sido responsável por colocar o longa na lista de filmes mais controversos, que é aquela quando o protagonista é visto ejaculando em frente à câmera. Love apresenta ao espectador isso e muito mais: casas de swing, sexo transexual, ménage à trois com uma das participantes sendo menor de idade, abuso de drogas. Quando eu assisti, imaginei estar vendo uma versão um pouco modificada de Azul é a Cor Mais Quente, só que com um casal heteroafetivo. Vamos às semelhanças: ambos foram filmados em Paris e têm cenas de sexo que denotam a conexão entre aqueles corpos e o amor que sentem. E não era esse o objetivo de Gaspar? Mostrar que sexo e amor podem coexistir no cinema? Mas o mais incrível é que ele foi além e conseguiu transformar as cenas de sexo em algo banal e natural, quase que real. Eu senti que as personagens se amavam de verdade e que se conheciam há muito tempo!
Love é, na verdade, um triângulo amoroso trágico. Murphy (Karl Glusman) é um aspirante a produtor de filmes vivendo em Paris com a mulher Omi (Klara Kristin) e o filho pequeno do casal. Mas Murphy não se sente feliz com Omi e se sente quase um total estranho na própria casa. Ele ainda está desesperada e obsessivamente apaixonado pela ex Electra (Aomi Muyock), uma parisiense muito bonita que ama arte. Pra começo de conversa, ele só está com Omi porque ele e Electra a convidaram para um ménage. Depois, Murphy passou a se encontrar com ela às escondidas e, em um desses encontros, a camisinha estourou. Quando Electra descobre a traição e a gravidez de Omi, ela não suporta e o despacha raivosamente. Esse é o momento que Murphy perde o controle. Ele vai até o apartamento dela e tenta reatar o relacionamento, mas tudo é em vão.

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Quando a mãe de Electra liga para Murphy avisando que ela tinha desaparecido, as lembranças dos momentos que eles tiveram juntos voltam à tona, despertando Murphy do torpor que ele se encontrava. O filme é quase inteiro um flashback da vida passada de Murphy, desde o momento em que ele e Electra se conhecem até o fim do namoro com a traição.
Uma curiosidade é que o longa tem coprodução da produtora brasileira RT Features, o que possibilitou no Brasil um lançamento antecipado em relação a outros países importantes, como Estados Unidos e Reino Unido. Além disso, a atriz que interpretou o papel da transexual com quem Murphy "dá uns pegas" é a brasileira Stella Rocha, radicada em Paris, onde vive desde os anos 90.
Eu tenho que confessar que desde o início do filme tudo que eu fazia era odiar Murphy. Eu o odiei quando ele xingou mentalmente a mulher de "vadia", como se a odiasse tanto que mal conseguisse olhar pra cara dela; o odiei quando ele mostrou ser homofóbico e o odiei mais ainda quando, depois de levar um baita fora de Electra por tê-la traido, ameaçou-a de morte. Mas ao decorrer do longa eu comecei até a me identificar com ele e a questionar se eu, no lugar dele, não faria exatamente tudo que ele fez. No fim das contas, Murphy não é tão insuportável assim.


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E só pra quebrar os paradigmas, o filme tem mais NUDEZ MASCULINA do que feminina.

Obs.: Só agora descobri o porquê das semelhanças entre Azul é a Cor Mais Quente e Love: ambos foram produzidos por um cara chamado Vincent Maraval.
Confiram o trailer legendado do filme:

Minha nota (numa escala de 1 até 5 estrelas)

10 de jan. de 2016

Resenha - No Escape (2015)

Uma loucura ridícula. Foi assim que um jornal de grande renome internacional descreveu No Escape. Mas é exatamente isso? Confiram a resenha:

Tradução: "Sem regaste. Sem refúgio."
Foto: Netflix



Eu tinha acabado de assistir As Vantagens de Ser Invisível quando, depois da tela de créditos, apareceram sugestões de filmes e eu me deparei com a figura majestosa de Owen Wilson em um dos seus mais recentes trabalhos em filmes de ação.  Não resisti.

No Escape é um longa de ação e thriller estadunidense, dirigido por John Erick Dowdle e lançado em 26 de agosto de 2015.  Tem 1h e 43min de duração e apresenta um elenco um tanto quanto diversificado: Pierce Brosnan, mais conhecido pelo papel de James Bond em quatro filmes da série do agente 007; Lake Bell, que ganhou reconhecimento mundial ao gravar o longa A Voz de Uma Geração e o nosso queridíssimo Owen Wilson. Sério, eu amo esse cara. Rio só de olhar pra cara dele (apesar de ele ser um multi talento e se sair muito bem em qualquer filme que faça).

No Escape começa com o primeiro ministro de um país do sudeste asiático sendo assassinado por um grupo de rebeldes assim que ele finaliza um acordo com um agente americano. Dezessete horas antes desse ocorrido uma família norte-americana está viajando para esse mesmo país. Nesse ponto eu já pensei na merda que ia dar. Jack Dwyer (Owen Wilson) é um engenheiro hidráulico contratado pela multinacional Cardiff  e está indo com a mulher e as duas filhas trabalhar nesse país. Para eles, tudo seria uma maravilha, uma viagem maravilhosa e uma estadia inesquecível ao chegaram lá. Mas tudo se mostra diferente quando eles se hospedam no hotel da cidade e se deparam com a calamidade daquele lugar (pelo menos em relação ao estilo de vida que eles levavam no Texas - porque pra mim aquele hotel era um luxo).

Quando Jake sai para comprar um jornal, tropas de rebeldes e de policiais, cada uma em lados opostos da rua, o cercam. E o mais louco de tudo isso: o alvo dos rebeldes é os estrangeiros, principalmente os americanos. Ele se desespera e aí começa a jornada da família pela sobrevivência. Vamos às perguntas que eu me fiz: 1) Por que eles estão se rebelando? 2) Por que são tão sanguinários? 3) Que país é esse? As respostas vieram depois e extremamente vagas e sem sentido. 

Foto: Netflix


Tem alguma coisa a ver com "sangue por água", o que explicava toda a hostilidade (quanto eufemismo) ao estrangeiros. Já o país, como se revelou apenas no final do filme, faz fronteira com o Vietnã. Mas nada disso interessa, mesmo. A história de base é tão ruim que o que faz o filme ser "assistível" é o elenco e todo o suspense envolta dela, ainda que bastante previsível. 

Há momentos que são muito risíveis no longa, como quando Jake interrompe uma conferência em curso no hotel, ainda que lá embaixo centenas de rebeldes jogam coquetéis molotov contra os vidros, acertam pedras e paus e atiram com suas armas de fogo. Depois, os rebeldes aparecem com tanques e helicópteros, e eu fiquei me perguntando como eles haviam arrumado aquilo e por que o exército ou sei lá o que não apareceu para conter o avanço daquela chacina. Quando eu imaginava que não podia ficar mais absurdo, a família se transpõe para um prédio adjacente e vemos Jake jogando as crianças para a esposa. Não, sério?

Foto: Netflix


Eu acho que todos os jornais criticaram de forma negativa esse filme. Teve vários que o acusaram de xenofobia, no momento em que o oeste topa com o leste, e como sempre, a América se sobressai tanto em cultura como em moral. E serei sincera: que diabos eu acabei de ver?

Foto: Netflix





                                     Confiram o trailer original do filme (em inglês):




                                      Minha avaliação (numa escala de 1 até 5 estrelas)   

28 de dez. de 2015

Resenha - Beasts of no Nation (2015)




Beats of no Nation é um filme do gênero drama produzido pela Netflix estreado no dia 16 de outubro, adaptado do romance  homônimo do autor nigério-americano Uzodinma Iweala e dirigido por Cary Joji Fukunaga. Embora a qualidade do filme seja algo de deixar qualquer espectador maravilhado, o longa-metragem não teve grande publicidade e chegou, inclusive, a ser boicotado pelas principais redes exibidoras dos Estados Unidos e conseguiu abrir em apenas 31 salas, chegando ao 33º lugar nas bilheterias do fim de semana. A qualidade das imagens, da trilha sonora e até a maneira audaciosa como as cores foram utilizadas ao decorrer do longa  são incontestáveis.

A história segue um menino chamado Agu (Abraham Attah), que vive em um vilarejo protegido pelas tropas da ECOMOG. O pai dele é o líder local e  auxilia refugiados de áreas próximas permitindo que fiquem nas terras dele. Agu vive uma vida relativamente feliz, porém dura, em uma casa onde mora com o pai, que antigamente lecionava, a mãe, o irmão mais velho, uma irmã caçula e o avô, um senhor de idade avançada com problemas de saúde.

O mundo que Agu e a família conheciam cai por terra quando  é separado da mãe e da irmã mais nova devido à iminência da guerra civil, ficando no vilarejo para impedir que as lojas sejam saqueadas. A situação vai de mal a pior quando as forças armadas do Conselho da Reforma Nacional invadem o vilarejo e os declaram espiões, ordenando execução imediata. Mas Agu consegue fugir, quando então é encontrado por um grupo de resistência, o FDL (Força de Defesa Local). A partir daí, acompanhamos os rituais de iniciação do pequeno Agu para se tornar um guerrilheiro e as transformações pelas quais ele passa no decorrer da história.

Foto Netflix

Não há uma informação exata de que país é aquele, mas sabe-se que ele faz parte do oeste africano. O governo é totalitário e são pelo menos dois os grupos antagônicos à ele, sendo um deles o FDL, que é o grupo de Agu, encabeçado pelo Comandante, e o PLF, cuja sigla não foi explicada.

Já o Comandante (Idris Elba), é um personagem manipulador e incisivo. Ele arma as crianças até os dentes e é bem rigoroso quanto às regras de sobrevivência em meio a guerra. É paternal e abusivo.

Foto Netflix


O título Beasts of no Nation extraído do romance de Uzodinma é tanto uma referência simbológica ao exército desorganizado e nômade do Comandante quanto ao fato de o nome do país não ter sido em nenhum momento nomeado na telinha.

A narrativa é muito cativante. Em cada cena grotesca, de violência nua e crua praticada por pequenos, Agu questiona cada uma de suas atitudes, se perguntando se um dia poderia voltar a brincar como crianças fazem. Porque agora, depois de tudo que ele passou, reconhece a si mesmo como um homem, este que tomou o lugar da criança inocente que existia ali. Mas o final é surpreendente e muito emocionante

"Todos que conheço estão morrendo. E eu penso: se essa guerra um dia acabar, não posso voltar a fazer coisas de criança. A guerra está consumindo tudo. Folhas, árvores, terra, pessoas. Consome tudo. Faz as pessoas sangrarem em toda parte. Somos como animais selvagens sem ter para onde ir."

Para aos que não viram: vale muito à pena. É impossível não conseguir entrar na alma de Agu e se emocionar com toda a trajetória dele até o fim. Mas um aviso: é muito, mas muito pesado. 


                                           Confiram o trailer original do filme:

  

              
                              
                                  Minha avaliação (numa escala de 1 até 5 estrelas)




26 de dez. de 2015

Resenha - Hot Girls Wanted (2015)



"Todos os dias, uma garota faz 18 anos e todos os dias uma garota quer fazer pornô."
Riley, 23 (agente de talentos e ator)


Hot Girls Wanted é um documentário produzido pela Netflix dirigido pela dupla Jill Bauer e Ronna Gradus, do também controverso Sexy Baby (2012). A tradução do título é algo como Procura-se garotas sexys. É um documentário que me fez chorar, refletir e quebrar vários tabus. E, claro, me deixou totalmente inerte em vários pensamentos conflitantes.

Para começar, imagine você, à qualquer hora da noite ou até mesmo do dia, acessando um site pornô (um caso bem corriqueiro entre quase todo mundo). Aquelas garotas ali, normalmente bem jovens, são vistas como "um pedaço de carne", um produto comercial da indústria pornográfica que visa apenas satisfazer o homem, como bem disse a atriz conhecida como Ava Taylor:
"E o importante é que o cara goze. Como se a garota estivesse lá só pra ajudar. Você só precisa ter peitos, vagina e bunda. É só o que importa. Eles não se importam com quem você é." 

Além disso, os abusos físicos e mentais que elas passam são gritados ao espectador a todo momento. Mas o documentário não para aí: ele conta um pouco das histórias dessas meninas, que têm namorados, pais, sonhos, famílias, mostrando também as transformações que elas passam desde o início das filmagens até o instante em que param com a carreira - um ator explicou que uma atriz de sucesso nesse ramo fica, no máximo, um ano. As meninas são sempre renovadas e uma empresa de sucesso usa uma mesma garota duas ou três vezes, para depois ser substituída. Já a permanência dos homens é bem mais duradoura que a das mulheres (!).

Há uma garota bem conhecida, estudante de Duke, onde cursa Direito. De dia, ela estuda, à noite, grava cenas. Cenas estas que são, muitas vezes, extremamente abusivas. O nome dela é Miriam Weeks (ou Belle Knox), e ela disse à um programa:
"O que quero fazer é romper as barreiras que separam os profissionais do sexo da sociedade tradicional."

E o discurso dela continua, fazendo uma crítica à educação tão cara nos Estados Unidos - a Duke cobra, por ano, cerca de U$ 60.000, o que uma garota vinda de uma família de classe média baixa não poderia nunca arcar; briga contra o sistema de financiamento educacional deste país, que pode levar famílias à miséria e, não menos importante, luta contra a opressão masculina, que transforma mulheres em objeto.

Os vídeos pornôs podem parecer criar pessoas irreais, que não sentem, e que estão ali dando a ideia de que são personagens perfeitos, com o único fim de fazer sexo e satisfazerem os espectadores (e o homem da relação heteroafetiva). Um sexo sem comprometimento, muitas vezes doloroso, cujo parceiro jamais seria ao menos considerado na vida real. Mas este documentário vai além, e o que ele exatamente esfrega na cara da sociedade é que estas são mulheres reais, com dores reais, famílias reais e iguais à mim ou à você que está lendo. 

Os motivos para entrar nessa indústria? Hot Girls Wanted mostra vários: dinheiro rápido e fácil, viagens (algumas garotas nunca tinham nem entrado em um avião), autoconfiança, independência... fama. 



"Está brincando? Ganho U$ 900 em cinco horas. Vou voltar para a minha cidade e ganhar U$ 8,25 por hora?"

O medo e a ansiedade de serem descobertas pelos pais também é algo muito recorrente entre essas jovens.
"Todas elas tem a mesma história. "Meu namorado não sabe". "Meus pais não sabem". Espero que nunca descubram. Mas eles vão descobrir [...] porque todo mundo vê pornografia."

E, claro, os agentes fazem o maior dinheiro: 
"Tem três agentes importantes aqui. Sou um deles agora. Também sou ator. Costumavam me agredir e zombar de mim na escola e agora estou me dando bem. Em um ano, deixei de ser um lavador de pratos fracassado  do Outback para morar em Miami Beach em uma casa de cinco quartos, com carro próprio[...]. E eu ganho um bom dinheiro."

Enfim, esse é um documentário para ser assistido, com toda a certeza. Ele me fez enxergar as coisas de modo bem diferente.  




Confira o trailer oficial do filme:




Minha avaliação (numa escala de 1 até 5 estrelas)

                  


1 de nov. de 2015

Resenha - Robôs (2005)

Robôs é um filme de comédia e animação da Twentieth Century Fox Animation, criado e produzido em conjunto com a Blue Sky Studios (o mesmo estúdio de A Era do Gelo). O longa-metragem tem direção de Chris Wedge e do brasileiro Carlos Saldanha, que foi também diretor de outras animações famosas como A Era do Gelo 2, A Era do Gelo 3, Rio e Rio 2.

Sinopse: Rodney Lataria (Ewan McGregor) sai de sua cidade natal, Rivet Town, em busca de seu sonho de trabalhar com o Grande Soldador (Mel Brooks) que reside e trabalha em Robópolis. Porém, os perigos o ameaçam de vida quando o descartável Dom Aço (Greg Kinnear) e sua mãe Madame Junta (Jim Broadbent) tentam acabar com os robôs fora de linha para dar lugar aos modernizados.
Para enfrentar Dom Aço e Madame Junta, Rodney conta com a ajuda dos Enferrujados (Manivela (Robin Williams), o robô vermelho amalucado; a irmã Piper (Amanda Bynes); Lug (Harland Williams); e Crank (Drew Carey)) e de sua nova amiga Cappy, a assistente do Dom Aço, que o ajuda a achar o Grande Soldador
  
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Estávamos meu irmão de 6 anos e eu parados em frente a tela do computador. Aí eu abri a guia da Netflix e ele escolheu o filme em questão. Uma vez que eu não tinha nada para fazer, decidi que ia ficar e que assistiria com ele. Pensei que talvez fosse divertido e que seria bom aproveitar esse tempo com o meu irmão. E foi.

Robôs, por ser um filme aberto a todos os públicos, apresenta uma linguagem bem fácil e apropriada. Há também algumas quebras de expectativa, principalmente entre o público adulto. Uma que mais me fez rir é aquela do início do longa quando o casal de robôs se prepara para serem pais e a mãe robô diz: ''Querido, sinto muito. Você perdeu a chegada do bebê. Mas não faz mal. Fazer o bebê é que é gostoso." Aí eu pensei: nossa, que safadinhos. E não, não, gente. Eles são robôs e robôs não são feitos da mesma forma que os humanos. Enfim, o bebê seria o garoto Rodney, que mais tarde se tornaria um grande inventor. 

Rodney vem de uma família humilde. Seu pai é lavador de pratos e as peças usadas na fabricação do filho são sempre de segunda mão. Mas Rodney não se importa, ele os ama exatamente da maneira como são. 

Em um dia, o garoto, ao ver o sofrimento do pai com a exaustiva profissão de lavar montes de pratos, começa a se dedicar em uma invenção que poderia facilitar o trabalho dele. 

Rodney está cercado de ambições e planeja se mudar para Robot City, ou em português, Robonópolis, a cidade grande dos robôs, onde há uma empresa que aceita inventores de qualquer classe social, dirigida pelo Grande Soldador, um homem de grande coração. O slogan da companhia é bem convincente: "Não importa do que você seja feito [se de latão, de ouro ou de aço inoxidável] você pode brilhar".

Só que, chegando em Robot City, Rodney se depara com uma realidade totalmente diferente da que ele imaginava. A empresa, antes aberta a todo tipo de inventor, agora está dominada pelo maquiavélico e hiper capitalista Dom Aço, filho de uma mulher também maquiavélica e hiper capitalista (porque uma maçã não cai muito longe da árvore), a Madame Junta, chefe de um ferro-velho que transforma sucatas em peças completas - e caras - para robôs.

O que anda acontecendo é o seguinte: mãe e filho possuem um acordo lucrativo. Dom Aço vende as peças produzidas na linha de montagem da mãe na empresa e divulga a notícia de que robôs considerados ultrapassados devem adquirir dinheiro para comprar novas peças, do contrário vão para o ferro-velho da mãe, para, em seguida, voltarem ao mercado.

Agora Rodney vai contar com a ajuda de seus amigos, da motivação de seu pai de sempre correr atrás de seus sonhos e do desejo de transformar a realidade da família, das pessoas e dele próprio, para conseguir deter Dom Aço e pôr as coisas em ordem.

O longa não foi considerado excelente por parte da crítica especializada mas teve uma recepção favorável. Estreou nos EUA em março de 2005 e ficou em primeiro lugar nas bilheterias. O valor total gasto na produção foi de setenta e cinco milhões

Enfim, se está à procura de um filme para assistir com a família, Robôs é uma excelente opção. Com certeza vai fazer a alegria da criançada e dos cavalões velhos como eu. E sério, gente, esse filme é excelentíssimo pela quantidade de reflexões e críticas que podemos fazer sobre o sistema que sustenta o lucro, por exemplo, ou da necessidade que os seres humanos têm de se adaptar ao mercado consumidor e de estar conforme a moda vigente. É claro que crianças não entendem ainda, mas tudo bem.


Rodney Lataria e sua invenção.
Google Imagens



Confira o trailer dublado de Robôs:



Espero que você que ainda não assistiu, assista e tire suas próprias conclusões. Deixe seu comentário para eu saber a sua opinião.

Até a próxima!
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