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14 de jan. de 2016

Resenha - Love (2015)

O texto a seguir apresenta conteúdo inapropriado para menores de 18 anos;



Love é um filme francês escrito e dirigido pelo argentino Gaspar Noé. Contém 2 horas e 15 minutos de duração e fechou o ano de 2015 como um dos filmes mais polêmicos. E não podia ser diferente, já que estamos falando aqui de um diretor e roteirista que parece ter nascido pra causar. Gaspar dirigiu o longa-metragem Irreversível, lançado em 2002 e que entrou para a história de filmes mais perturbadores ao mostrar uma cena extremamente gráfica de Monica Bellucci sendo estuprada. Pra vocês terem uma ideia da comoção e do alvoroço que o longa gerou, tinha gente até saindo do cinema! Com Love não foi muito diferente. Apesar de não mostrar nenhuma cena de estupro, o filme teve uma audiência baixíssima e chegou a dividir a crítica internacional. Alguns defenderam o filme ao dizer que ele "contém algumas das mais belas cenas de sexo da história do cinema." Já outros, alfinetaram sem dó: "é tão pretensioso quanto é erótico".

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Love tem uma quantidade absurda de sexo explícito. Há uma cena que talvez tenha sido responsável por colocar o longa na lista de filmes mais controversos, que é aquela quando o protagonista é visto ejaculando em frente à câmera. Love apresenta ao espectador isso e muito mais: casas de swing, sexo transexual, ménage à trois com uma das participantes sendo menor de idade, abuso de drogas. Quando eu assisti, imaginei estar vendo uma versão um pouco modificada de Azul é a Cor Mais Quente, só que com um casal heteroafetivo. Vamos às semelhanças: ambos foram filmados em Paris e têm cenas de sexo que denotam a conexão entre aqueles corpos e o amor que sentem. E não era esse o objetivo de Gaspar? Mostrar que sexo e amor podem coexistir no cinema? Mas o mais incrível é que ele foi além e conseguiu transformar as cenas de sexo em algo banal e natural, quase que real. Eu senti que as personagens se amavam de verdade e que se conheciam há muito tempo!
Love é, na verdade, um triângulo amoroso trágico. Murphy (Karl Glusman) é um aspirante a produtor de filmes vivendo em Paris com a mulher Omi (Klara Kristin) e o filho pequeno do casal. Mas Murphy não se sente feliz com Omi e se sente quase um total estranho na própria casa. Ele ainda está desesperada e obsessivamente apaixonado pela ex Electra (Aomi Muyock), uma parisiense muito bonita que ama arte. Pra começo de conversa, ele só está com Omi porque ele e Electra a convidaram para um ménage. Depois, Murphy passou a se encontrar com ela às escondidas e, em um desses encontros, a camisinha estourou. Quando Electra descobre a traição e a gravidez de Omi, ela não suporta e o despacha raivosamente. Esse é o momento que Murphy perde o controle. Ele vai até o apartamento dela e tenta reatar o relacionamento, mas tudo é em vão.

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Quando a mãe de Electra liga para Murphy avisando que ela tinha desaparecido, as lembranças dos momentos que eles tiveram juntos voltam à tona, despertando Murphy do torpor que ele se encontrava. O filme é quase inteiro um flashback da vida passada de Murphy, desde o momento em que ele e Electra se conhecem até o fim do namoro com a traição.
Uma curiosidade é que o longa tem coprodução da produtora brasileira RT Features, o que possibilitou no Brasil um lançamento antecipado em relação a outros países importantes, como Estados Unidos e Reino Unido. Além disso, a atriz que interpretou o papel da transexual com quem Murphy "dá uns pegas" é a brasileira Stella Rocha, radicada em Paris, onde vive desde os anos 90.
Eu tenho que confessar que desde o início do filme tudo que eu fazia era odiar Murphy. Eu o odiei quando ele xingou mentalmente a mulher de "vadia", como se a odiasse tanto que mal conseguisse olhar pra cara dela; o odiei quando ele mostrou ser homofóbico e o odiei mais ainda quando, depois de levar um baita fora de Electra por tê-la traido, ameaçou-a de morte. Mas ao decorrer do longa eu comecei até a me identificar com ele e a questionar se eu, no lugar dele, não faria exatamente tudo que ele fez. No fim das contas, Murphy não é tão insuportável assim.


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E só pra quebrar os paradigmas, o filme tem mais NUDEZ MASCULINA do que feminina.

Obs.: Só agora descobri o porquê das semelhanças entre Azul é a Cor Mais Quente e Love: ambos foram produzidos por um cara chamado Vincent Maraval.
Confiram o trailer legendado do filme:

Minha nota (numa escala de 1 até 5 estrelas)

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