26 de jun. de 2017
ABISMO
Essa é a última vez que escrevo sobre você
A última vez que meus olhares tentam encontrar os seus
que a minha mão tenta encontrar a sua, e entrelaçar seus dedos aos meus.
É a última vez porque, enquanto quis me entregar inteiramente,
você não cedeu, não se deu.
Enquanto eu imaginei um "nós" na nossa realidade base,
você desprezou todas as possibilidades, inclusive a que representava a nossa união.
E eu quero falar do mundo quântico, porque sei que nele as possibilidades são infinitas
e que em algum lugar, num universo paralelo, talvez com regras totalmente diferentes das da nossa realidade base,
exista um você que olha nos meus grandes olhos castanhos e diz que a minha presença é essencial,
que o meu toque é afável e o meu jeito é de extremo afeto, adorável.
Um lugar onde eu sou sua casa e eu tenho a certeza de que seus braços fazem minha morada.
Eu sei que você não me quer,
porém quanto mais você me rejeita
mais o meu desejo aumenta.
Eu gosto de sofrer?
Só que é a última vez, eu juro,
que me pego pensando em você,
seu jeito carismático, sorridente
e engraçado
Mas enquanto eu imagino a infinidade de possibilidades,
a infinidade de universos em que eu e você é uma união possível,
me volto para a realidade base - a única de que tenho consciência
e vejo que não há um nós
e talvez nunca haverá.
Acabou, acabou
Como pode acabar algo que nem mesmo começou?
Começou dentro de mim há algum tempo, na verdade
mas dentro de você nunca houve nada.
E em outra realidade alternativa, como deve ser?
Eu e você é o fim de uma estrada que dá para o abismo,
não há bifurcações, não há galhos representando as possibilidades, como a árvore da vida darwiniana.
Se eu fosse representar um nós, seria o Cretáceo
Porque nunca houve um "nós" na realidade base,
nós somos a extinção!
Mas eu não vou me abater, porque sei que a vida é o caos,
e que as possibilidades só existem para quem não fica imóvel.
E eu não ficarei, porque sei, no fundo do meu coração,
que outras pessoas vão me apresentar outros acasos
e a árvore da vida vai estender seus galhos para mim,
as estradas terão bifurcações
e eu não cairei no abismo.
Eu sei que não existimos na única realidade de que temos consciência,
mas e no mundo subatômico, como seria?
Um "nós" existiria?
Você disse que não queria me machucar,
mas ao não querer e a não arriscar,
você me feriu
E doeu e eu sangrei e sangrei
Em breve você se tornará uma memória distante,
fumaça que se dissipa pra longe, no ar
A luz viajante de uma estrela morta que nunca alcançará minha atmosfera.
Mas vai demorar?
Você é uma granada
que me partiu em mil pedaços.
E eu estou juntando meus cacos
Estou juntando
Estou
Acabou
Acabou
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G O S T E I...
ResponderExcluirParabens Thaynara, ganhou um novo seguidor. Continue assim!
Fico em demasiado êxtase em saber que você gostou. Obrigada!
ResponderExcluirO texto ficou bom. O único defeito que eu achei foi uma vasta repetição da palavra "realidade". Também, na minha opinião, "realidade base" soa um pouco estranho.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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