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27 de dez. de 2017

Escrevo

Escrevo porque minha dor existe,
porque você existe.
Escrevo porque sei que minha vida é curta
e a sua também
e que desejo que você me ame como amo você.

"Não quero te machucar", você disse uma, duas vezes.
Eu não ligo,
 já te deixei fazer isso uma vez
e você possivelmente fez de novo.

Eu escrevo porque os nossos corpos talvez não tenham sido 
feitos para a junção atômica

Eu escrevo porque queria estar no horizonte de eventos de um buraco negro
e ser engolida por ele
eu quero sair daqui 

Nossos corpos não foram feitos pra junção atômica porque, 
juntos,
explodimos o mundo
mas você me explodiu primeiro
de novo
como um soldado que vai pra guerra e é atingido por uma granada.


eu queria que você me visse como você olha pra nossa galáxia: com admiração, encantamento e discernimento dos detalhes
Gostaria que você me devorasse como devora a Física e o mundo quântico
que você gostasse de mim como gosta de Einstein.

Eu escrevo porque não fomos feitos um para o outro
e que esse ideal de amor talvez nunca exista.
O mais importante é que não existimos.

E não te dói saber que a vida é efêmera e que talvez daqui a uns anos nunca mais nos veremos?
O caos vai te levar pra longe de mim e você não se lembrará da minha voz.
Será que vai? Será que você vai se lembrar de como eu sorria e ficava feliz na sua presença? De como eu ficava parada escutando tudo que você dizia cautelosamente com a intenção de gravar cada palavra na minha vã memória? "Eu vou te machucar", você disse de novo, depois de quase 1 ano.
Então me machuque. Nessa noite, eu quero que você me machuque.

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