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4 de abr. de 2016

Ela era...

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Ela era linda. Seus olhos cor de mel, com pintas pretas eram únicos. Sabe aquelas gargalhadas de mostrar ate os sisos? Sua marca registrada. Era calada na dela, mas quando pegava intimidade era a que mais falava bobagens. Tinha uma imaginação e tanto. Devorou tanto livros quanto pode. Assistiu mais filmes e séries que qualquer pessoa de sua idade. Era fanática por podcasts. Vivia pelos cantos em seu mundinho, dava bom dia a todos, sorria aos estranhos na rua, cantava sem medo do que os outros iriam achar de sua voz. Tinha o gosto musical mais estranho de todos. Somente quem a viu correr na chuva com o guarda chuva debaixo do braço sabe o que é sentir. E ela sentiu, sentiu mais do que todos. Sentiu a VIDA. Não importava o que era, felicidade, tristeza ou dor. Ela sempre acreditou que qualquer dor pode ser suportada enquanto é sentida. Ela não era só felicidade, as vezes durante o banho ou a noite, ela chorava tanto que qualquer pessoa que visse choraria com ela. Ela segurava o dia todo, tentava transparecer forte. Ria. Mas sabe aquela risada forçada e triste? Isso acontecia com ela com frequência, mas ela logo limpava as lágrimas e tentava cumprir seu propósito. Afinal, qual o sentido de tudo se ela não tocasse o coração das pessoas? E para tocar o coração das pessoas, ela precisava ser aquela que não se importava. Tinha tantos sonhos, tantos planos, tantos shows para ir, tantas músicas para escutar, tanto amor para dar. Mas descobriu que a vida é como um trem, sempre em movimento. Em algumas estações, seus passageiros precisam desembarcar. Seria maravilhoso se todos soubéssemos o dia que morreríamos, não seria? Assim ficaria mais fácil. Talvez assim, não acharíamos que temos todo o tempo do mundo.Talvez assim a eternidade não seria uma grande ilusão. De todas as coisas que ela fez em vida, apenas uma se arrependeu. E não foi o que ela fez, ela se arrependeu de uma que deixou de fazer. AMAR. Ela se arrependeu de não ter tido um amor, ela se arrependeu de todos os nãos que deu a favor dos estudos e da carreira, ela se arrependeu de todos os ficam para a próxima. Ela se arrependeu de não se dar a oportunidade de gostar de alguém. Se arrependeu dos padrões que exigia. Se arrependeu de escolher as pessoas pelo que tem e conquistou do que pelo que é. Hoje, em sua lápide está escrito:
"Aqui jaz alguém que morreu como viveu. Com medo. Medo de não poder realizar tudo o que quis."
E no fim, o que importa?

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