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19 de set. de 2018

fim

é o fim, não tem mais jeito
o olá virou adeus
meu sorriso são lágrimas que insistem em cair
mesmo dizendo a mim mesma que vai passar
que é só um fim
dos inúmeros fins que a vida tem.

Você chegou bondoso,
paciente
calmo
engolindo a minha preocupação 
e curando minhas feridas

Voce chegou sorrindo,
bonito,
passos leves e brandos,
transformando minha dor em amor

Eu te confessei meus segredos
meus medos
te entreguei minha alma,
meu corpo,
tudo inteiramente seu e para você.

Eu toquei seus átomos,
você se colou nos meus
mas alguém disse que com o passar do tempo
as memorias, que outrora eram motivos de alegria,
se transformam em poeira e voam com o vento.

Voce trouxe brilho e uma caixa de lápis de cor
foi colorindo a minha vida em preto e branco.
Voce me construiu um castelo,
eu, que era uma construção inacabada e abandonada.

Você me machucou e eu nao consigo mais gostar de você
apesar de te amar.
Você tem que ir embora, pra longe,
onde eu não possa mais cruzar meus olhos em ti.

A minha vida voltou a ser cinza 
e o castelo imponente que você havia construído acabou de desabar.
Eu sou tristeza e dor e meus pedaços jazem no chão,
tijolos, concreto, torres.

A VIDA É DESTRUIR PARA RECONSTRUIR-SE.
Eu te amo, mas não gosto mais de você.

8 de set. de 2018

Auto-retrato de personalidade

As pessoas devem pensar que sou louca
porque, quando irritada, atiçada,
minhas mãos começam a tremer.
É como se eu não quisesse brigar,
meu corpo reluta para que eu não o faça
mas é mais forte.
As pessoas, conhecendo esse ponto fraco,
fazem de tudo para eu ficar nas piores das minhas crises nervosas.
É incrível como tudo se resumiria a cada um ficar na sua.
Eu não busco confusão, busco paz.
Porém, sempre alguém vem buscar guerra.
Queres guerra?
Lhes darei,
fogo, sangue, furor, ódio mortal.
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Relato da casa onde moro:

São poucos os que não brigam/reclamam de mediocridades. E eu poderia citar as pessoas boas, que são menos de meia dúzia. Numa casa de 23 pessoas.
Tem essa garota, a qual, hoje, odeio fervorosamente.
Eu e ela costumávamos ser amigas, mas comecei a notar atitudes que me deixaram um pouco paranóica quanto a confiar nela. Uma das coisas que me fizeram estourar: ela prestou todo o cuidado pra um dos moradores da casa que, nesse dia, teve um desmaio. Na hora de levá-lo para a Unidade de Pronto Atendimento, porque o Samu já estava na nossa porta, alguém deveria ir com ele. Ela não se propôs a ir e ela era a única que estava cuidando dele. Pois bem, com raiva e sem celular (eu tinha perdido meu celular numa festa), fui. Dias depois, briguei com ela, disse que não confiava mais nela e que isso era o pior que eu poderia esperar de um ser humano : não ter confiança nele. Já não tinha mais jeito, disse outras coisas horríveis.
Certo dia me indignei porque tudo era motivo para discutir, também. Se tinha um papel de bala no chão do nosso quarto - não havia dito antes, mas  ela era minha companheira de quarto - ela reclamava comigo. Eu simplesmente nunca gostei de caçar confusão com as pessoas, logo, sempre fiz as coisas que eu achava estarem erradas, ainda mais coisas pequenas como tirar um papel do chão. E teve esse dia que ela reclamou do papel. Mandei mensagem pro meu namorado xingando ela de nomes ruins, dizendo que queria ir para outro quarto, outra casa. Até que desci para lavar minhas roupas e quando subi de volta para meu quarto, eis que a boa moça estava lendo as mensagens no meu computador privado. Aí que eu xinguei ela toda e disse que não confiaria nela nunca mais mesmo e mudei minhas coisas para o quarto do meu namorado - ele ainda morava conosco (nossa casa é mista).
E foi aí minha história com ela. Ralo.

Certo dia, já estava de saco de todos, nem dormindo mais em casa eu estava, cheguei com fome de algum lugar que não vem ao caso e um dos moradores da casa estava cozinhando arroz. Uma panela de arroz. Aqui em casa todos têm direito às comidas básicas, porque, apesar de morarmos numa casa cedida pela Universidade, contribuímos com um valor x para pagamentos de despesas como alimentação básica - arroz, feijão, óleo, etc e produtos essenciais da casa.
Eu inicialmente fritei um ovo, peguei uma concha do feijão que estava no fogão e pedi para esse garoto duas colheres do arroz que ele estava a preparar. De início disse que só dava para ele (UMA PANELA) e que eu poderia cozinhar para mim também, assim como ele estava fazendo. Ok, não dei muita bola. Sabia que se pedisse mais um pouco ele me daria, afinal, era comida, né? E era meu direito e meu DINHEIRO também, né? E era uma PANELA. Depois de eu assistir ele virar a panela no proprio prato até fazer uma montanha, pedi as raspas da panela. Eu estava com meu prato : o ovo frito e o feijão, só faltavam as raspas. Assisti mais uma vez ele virar as raspas da panela no prato dele enquanto eu bufava de ódio. Não aguentei, xinguei de tudo que era possível alguém ser xingado. DE PIOR LIXO HUMANO DO MUNDO, HIPÓCRITA, FALSO CRISTÃO. Enfim, tive um ataque de nervos, igual o caso da guria que leu minahs mensagens. Nessa casa foram esses dois ataques, mas sempre tenho outros mini ataques, tipo ao ler uma mensagem desagradável do grupo dessa maldita casa.

Eu quero ser ruim a ponto de não me importar, mas eu simplesmente me importo e sinto demais as coisas. Queria mandar todos tomarem no cu até morrerem. E eu ser feliz e plena.

4 de fev. de 2018

eu disse que te encontrei , e você me respondeu dizendo que na verdade tinha me encontrado. Eu acho que nos encontramos. Eu, que nunca tive sorte na vida, te encontrei. E uma luz se acendeu, uma chama de esperança queimou no meu horizonte, antes um tunel escuro e gigante. Eu, astronauta, queria gravitar para sempre na órbita do seu abraço e sentir os átomos que te constituem nos meus átomos. Você, tão gentil, bondoso e feliz.

27 de dez. de 2017

Escrevo

Escrevo porque minha dor existe,
porque você existe.
Escrevo porque sei que minha vida é curta
e a sua também
e que desejo que você me ame como amo você.

"Não quero te machucar", você disse uma, duas vezes.
Eu não ligo,
 já te deixei fazer isso uma vez
e você possivelmente fez de novo.

Eu escrevo porque os nossos corpos talvez não tenham sido 
feitos para a junção atômica

Eu escrevo porque queria estar no horizonte de eventos de um buraco negro
e ser engolida por ele
eu quero sair daqui 

Nossos corpos não foram feitos pra junção atômica porque, 
juntos,
explodimos o mundo
mas você me explodiu primeiro
de novo
como um soldado que vai pra guerra e é atingido por uma granada.


eu queria que você me visse como você olha pra nossa galáxia: com admiração, encantamento e discernimento dos detalhes
Gostaria que você me devorasse como devora a Física e o mundo quântico
que você gostasse de mim como gosta de Einstein.

Eu escrevo porque não fomos feitos um para o outro
e que esse ideal de amor talvez nunca exista.
O mais importante é que não existimos.

E não te dói saber que a vida é efêmera e que talvez daqui a uns anos nunca mais nos veremos?
O caos vai te levar pra longe de mim e você não se lembrará da minha voz.
Será que vai? Será que você vai se lembrar de como eu sorria e ficava feliz na sua presença? De como eu ficava parada escutando tudo que você dizia cautelosamente com a intenção de gravar cada palavra na minha vã memória? "Eu vou te machucar", você disse de novo, depois de quase 1 ano.
Então me machuque. Nessa noite, eu quero que você me machuque.

28 de nov. de 2017

Carta aos ex-amores



À vocês todos que um dia colocaram as mãos em mim,
disseram palavras bonitas
e me fizeram acreditar que o mundo é um lugar agradável
repleto de pessoas que se importam umas com as outras.
À vocês que foram embora e deixaram
pedaços cortantes de suas essências dentro de mim
e que levaram um pedaço de quem eu era.
Aos rapazes com quem me deitei e me entreguei
e despi-me a alma,
revelei segredos,
inquietações,
traumas,
dores.
Eu implorei que vocês ficassem, mas vocês são pássaros
e voaram pra longe.
Há um pássaro inquieto dentro de mim,
que também quer voar e ser livre.
Há uma pressão autoimposta,
uma preocupação latente
com o que ainda não veio.
Quem sou? Quem são vocês?
O que querem de mim?
Eu não sei o que vai ser e eu tenho medo do que ainda não é.
Eu quero me distanciar de vocês
mas não suporto minha solidão.

4 de nov. de 2017

Efêmero

Me dói saber que eu não signifiquei pra você o que você foi pra mim. Me dói quando você fala de todas elas como se eu não estivesse ali e um raio de vislumbre do quão doloroso é pra mim sequer passar pela sua cabeça. Dói que você não se importe. Dói. Mas eu vivo de dores, meu amor. Ainda assim, sigo entregando afeto e flores, apesar de que elas sejam efêmeras. O café, a vida, o nosso amor. Tudo efêmero. Espera, amor?

caçador

Você não é bom, amor
retiro o que eu disse.
Eu sou uma boa pessoa;
a dor de outrem é minha dor.

Minha dor, ao contrário, não é sua.
Pegue-a e sorria, ria,
finja que ela não existe.
Finja que eu não existo,
como você tem feito ultimamente.

Você é um caçador,
exiba seus troféus,
exiba as garotas com quem você dormiu.
Sorria, ria,
menino.
Você é mau,
eu não preciso de você.
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